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domingo, 9 de outubro de 2011

Loucura e Cura

Amor, um sentimento tão bonito e gostoso de sentir. Amar, um “estado de espírito”, um sentir-se vivo, um sentimento que pode tanto ser o remédio da vida, como o veneno da alma.
Às vezes eu vejo por aí a citação de “simples como amar”, mas espera aí, cadê o simples desse amar?! Não sei se sou eu que complico ou faço drama mais do que necessário, mas a meu ver amar está mais pra complexo do que simples.

Vejo dessa maneira porque amar é uma mistura de sensações, algumas até estranhas que não conseguimos explicar, apenas sentimos. Isso sem falar o fato de que o seu amor por alguém não garante que esse alguém também te ame, e aí, o que fazer? Complicado não é mesmo?

Porém, pensando por outro lado, a frase pode até fazer sentido se vista por outro ângulo. Se pensarmos de como é simples se apaixonar por alguém, por exemplo, a pessoa às vezes nem tem nada demais, mas você se apaixona por ela por um simples olhar, um gesto, um pensamento, um ideal, enfim, até algum defeitinho na pessoa você pode achar convincente para se apaixonar. E olha que quando você se apaixona até pelos defeitos, meu amigo, isso que eu chamo de amor. J

É, é como disse lá no começo do texto, pode ser seu remédio da vida, sua cura, te fazer sentir-se mais vivo, mais feliz, disposto e te despertar sentimentos e sensações ótimas, porém também pode ser o seu veneno da alma, seu sofrimento, seu empurrão em direção ao fundo do poço, sua dor, a dor mais “pesada” e sofrida que podemos sentir... A dor no íntimo, na alma.

Que você, que está lendo este texto agora, saiba fazer do seu amor o seu remédio e quando ele der o menor sinal de que está virando um veneno, crie já o seu antídoto para que ele não te mate.

sábado, 21 de maio de 2011

E se mundo acabar hoje

Ouço todos a minha volta comentando aflitos que o mundo vai acabar hoje.
Fiquei pensando nas coisas que eu queria ter feito, nas pessoas que eu não pude abraçar, pensei em como seria um post ideal para o fim do mundo. O que eu gostaria de lhe dizer hoje?Só cheguei à conclusão de que um pedido de sinceras desculpas viria bem a calhar.
Desculpe a maquiagem borrada, foi tudo culpa de uma lágrima teimosa que passeou pelo meu rosto.
Desculpe se quando você chega perto meu pobre coração acelera, é que ele insiste em bater ritmado no compasso do desejo.
Desculpe se fico muda, acontece que tem certas coisas que eu não sei expressar em palavras.
Desculpe o meu momento egoísta, mas é que ainda que eu diga para você ir embora não quero te perder.
 
By Valdo

Som da Terra

" Abaixo de toda a crosta terrestre ondulada, de todo o solo deslizante e suave.
Distante, mais profunda que o oceano, mas além da rocha que contra a rocha lamuria-se na desdita.
Lá, na mais profunda escuridão e na visceral luxúria do globo grave, pode você ouvir o açoite murmurante do magma se eleva e se agita?"

Robert Penn Warren, "JOVEM QUE BUSCA A VERDADE, CORRENDO À NOITE, MEIO NU, PELA PRAIA DE SÃO FRANCISCO.

By: Valdo

sábado, 23 de abril de 2011

Brinquedos...


     Quando se dá a uma criança um brinquedo complexo demais para o seu espírito infantil ou demasiadamente belo para os seus olhos ainda mal abertos, a criança destrói o objeto , se for voluntário, ou, se for indiferente, afastar-se-á para ir brincar com os outros companheiros. Eis o que sucedeu contigo. Apoderaste-te da minha vida, mas não sabias o que fazer com ela. Não poderias saber: era coisa extraordinária em excesso para as tuas mãos."
De Profundis, Oscar Wilde.

By: Valdo

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Pensamentos Soltos....

Saudade e um sentimento...
que chega de vagar e quando percebemos ela nos arranca a alma com lagrimas nos olhos relembramos de como foi bom aquele tempo que nao voltara que se pudesse voltar a cada momento que quisse hoje sentir uma saudade tao grande que as lagrimas nao se conteu e teve que rolar.
By: Valdo

terça-feira, 29 de março de 2011

Pensamentos Soltos !


Perdi aquela ansiedade juvenil de me apaixonar toda semana. Ressabiei. Não fechei, acho, mas. Ah, sei lá. – Caio Fernando Abreu

By? Valdo

domingo, 13 de março de 2011

A ditadura da música ambiente


Chato. Muuuito chato! Talvez isto seja um delírio de quem trabalha com música, mas só queria comprar meia dúzia de cuecas e tive de passar por um constrangimento sonoro. É que a loja tinha um som muito alto; tipo balada “tecneira”. No começo dessa febre, perguntava se estava acontecendo algum evento na loja, meio que tirando uma da situação. Hoje, descobri um jeitinho mais eficiente. Você entra na loja e começa a falar baixinho com o vendedor e vai cada vez mais diminuindo o tom da voz. Começa a ficar nítido que aquela “música ambiente” é desnecessária.

Parece que o som é alto assim pra você não conseguir raciocinar e comprar, comprar, comprar, sem pensar, sabe. Tem uma loja de mochilas na Rua Augusta que atravesso a rua quando passo em frente. O volume do som virou antipropaganda. E não paaara por aííí (com voz de locutor de liquidação). No meu prédio, é raro encontrar um momento na academia de ginástica no qual não tenha alguém monopolizando o ambiente com sua música preferida. Não seria mais agradável se cada um usasse o seu fone de ouvido com sua música preferida num lugar coletivo como a sala de ginástica do seu prédio?

Bom, falando em fone de ouvido, no ônibus, agora, é normal o cidadão ligar a rádio no celular, sem fone, ou com o fone tão alto que você consegue saber o que ele está ouvindo a poltronas de distância. Isso, porque existe uma Lei Municipal (em São Paulo) que proíbe o uso de aparelhos sonoros dentro do coletivo, veja bem, COLETIVO. Deve ter uma razão, né?

Se você ainda acha que é paranóia minha, o que dizer daqueles que sonham em comprar uma chacrinha no interior, pra ter sossego no fim de semana e, depois que conseguem, o vizinho ao lado resolve alugar a chácara dele para um bando de mal educados fazerem churrasco no fim de semana, botando o som no talo pra todo mundo ouvir? Nesse quesito, os moradores da praia de Itamambuca, em Ubatuba, acertaram e conseguiram aprovar uma lei que proíbe som alto em carros ou casas, em qualquer circunstância, qualquer horário. Porque esse lance de “até as 22 horas” dá uma brecha danada pros “sem noção” fazerem o que quiserem com seu ouvido.

Por enquanto, tô fazendo reclamação. Agora, vamos para a reflexão: se a gente olhar pra trás, menos de 100 anos, vai, quem é que tinha o privilégio de ouvir música, antes do advento da vitrola, do rádio, dos aparelhos em geral? Já pensou nisso? Quem é que podia ouvir música? Claro, o cara que estava perto de alguém que tocava música. Tocava, quero dizer, executava um instrumento, ou usava a própria voz. Porque hoje, até esse verbo é empregado para outras situações. Dia desses, estava numa rodinha de músicos e ouço o seguinte diálogo:
– Ah, eu também toco.
– Ah é, toca o quê?
– Meeeu, eu toco anos oiteeeenta! (entendeu, né?).


Tudo bem, sem tirar o mérito dos talentosos DJs e turntablists, mas e os casamentos, hein...? Meu pai e eu agora só ficamos até o prato principal nas festas de casamento.

Na hora em que começam a distribuir os “oclinhos” e soltam Staying Alive dos Bee Gees em máximo volume, a gente desce pra área dos chazinhos e bem casados. A gente aprendeu a se adequar à situação, mas ainda pergunto: Por que tão alto? Não podia ser num volume que desse para chacoalhar o esqueleto e conversar ao mesmo tempo?

Aliás, conversar e ouvir música ao mesmo tempo é uma coisa que não dá para entender. Não...dá sim. Ou o cara não tá ouvindo a conversa, ou não tá ouvindo a música. Aí vem aquela desculpa de que é música ambiente. Acho que foi o Chico Buarque quem disse algo excelente sobre isso: “Música ambiente? Se a música é boa, é pra ouvir, se é ruim, porque está tocando?”. Isso é mais sério do que parece. Vou tentar comparar a música com outra modalidade artística, o teatro.
 
Imagine você chegando numa padaria, dessas que têm buffet à vontade, oito televisores e ainda o som de uma rádio FM qualquer, tudo ao mesmo tempo agora. Aí, de repente, entra um grupo de teatro entre as mesas e começa a encenar Hamlet, ou qualquer outro espetáculo. Meio esquisito, não? Mas com música, pode. Começo a pensar que a prática da chamada música ambiente é que levou a música ao status de “ah, é só uma musiquinha pra animar”. E, hoje, para um músico apresentar seu trabalho com as pessoas realmente prestando atenção, só mesmo num auditório fechado, com todas as instruções bem esclarecidas antes do início do espetáculo.
“Ponha-se daqui pra fora. Já!”

Eu mesmo comecei uma temporada com meu organ trio, o Hammond Grooves, no Bar do Terraço Italia, em São Paulo. Vou contar rapidinho. A ideia do pessoal lá é renovar o ambiente deste clássico paulistano, trazendo uma plateia que quer ouvir música curtindo a paisagem que já é cartão postal da cidade. Já fizemos cinco quartas-feiras e, ainda assim, mesmo com as hostess e o apresentador pedindo silêncio, ainda tem gente que insiste em conversar durante o show. Mas descobri que posso fazer igualzinho faço com os vendedores em loja que tem som muito alto. Em vez de descer a mão nos instrumentos, cada vez que algum grupinho começa a conversar, a gente diminui o toque da banda, o volume vai baixando e a conversa fora de hora começa a ficar realmente constrangedora.

Pode ser um delírio de quem trabalha com música, mas comece a prestar atenção no seu dia e veja: em quantos momentos a música está presente realmente para ser apreciada, ou só para “dar uma animadinha”. Papo cabeça? Pense nisso.

Por Daniel Daibem – Revista Cultura – Ed. 44 – Março 2011
By: Valdo

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Como fundar a ética hoje!


A razão não é o primeiro nem o último momento da existência. Por isso não explica tudo nem abarca tudo

VIVEMOS HOJE grave crise mundial de valores. É difícil para a grande maioria da humanidade saber o que é correto e o que não é. Esse obscurecimento do horizonte ético redunda numa insegurança muito grande na vida e numa permanente tensão nas relações sociais, agravada pela lógica dominante da economia e do mercado, que se rege pela competição, e não pela cooperação, dificultando destarte o encontro de estrelas guias e de pontos de referência comuns.

Importa também não esquecer o que o historiador Eric Hobsbawm, em sua obra «Era dos Extremos» (Cia. das Letras), constatou: houve mais mudanças na humanidade nos últimos 50 anos do que desde a Idade da Pedra. Essa aceleração fez com que os mapas conhecidos não orientassem mais e a bússola chegasse a perder o Norte. Nesse quadro dramático, como fundar um discurso ético minimamente consistente?

Considerando a história, verificamos que duas fontes da moral orientaram as sociedades até hoje: as religiões e a razão. As religiões continuam sendo os nichos de valor privilegiados para a maioria da humanidade. A razão, desde que irrompeu, quase simultaneamente em todas as culturas mundiais, no século 6 a. C., no assim chamado tempo do eixo (Karl Jaspers), tentou estatuir códigos éticos universa]mente válidos. Esses dois paradigmas não ficam invalidados pela crise atual, mas precisam ser enriquecidos, se quisermos estar à altura das intimidações que nos vêm da realidade hoje globalizada.

A crise cria a oportunidade de irmos às raízes da ética e descermos àquela instância na qual se formam continuamente valores. A ética, para ganhar um mínimo de consenso deve nascer da base última da existência humana. Esta não reside na razão, como sempre pretendeu o Ocidente. A razão não é o primeiro nem o último momento da existência. Por isso não explica tudo nem abarca tudo. Ela se abre para baixo de onde emerge, de algo mais elementar e ancestral: a afetividade. Abre-se para cima, para o espírito, que é o momento em que a consciência se sente parte de um todo e que culmina na contemplação. Portanto a experiência de base não é «penso, logo existo”, mas «sinto, logo existo”. Na raiz de tudo não está a razão (“lógos”), mas a paixão (“páthos”).

David Goleman diria: no fundamento de tudo está a inteligência emocional. Afeto, emoção -numa palavra, paixão - é um sentir profundo. É entrar em comunhão, sem distância, com tudo o que nos cerca. Pela paixão captamos o valor das coisas. E o valor é o caráter precioso dos seres, aquilo que os torna dignos de serem e os faz apetecíveis. Só quando nos apaixonamos vivemos valores. E é por valores que nos movemos e somos.

À deriva dos gregos, chamamos essa paixão de éros, de amor. O mito arcaico diz tudo: «Eros, o deus do amor, ergueu-se para criar a terra. Antes, tudo era silêncio, nu e imóvel. Agora tudo é vida, alegria, movimento”. Agora tudo é precioso, tudo tem valor, por causa do amor e da paixão.

Mas a paixão é habitada por um demônio. Deixada por si mesma, pode degenerar em formas de gozo destruidor. Todos os valores valem, mas nem todos valem para todas as circunstâncias. A paixão é um caudal fantástico de energia que, como águas de um rio, precisa de margens, de limites e da justa medida para não ser avassaladora. É aqui que entra a função insubstituível da razão. É próprio da razão ver claro e ordenar, disciplinar e definir a direção da paixão. Eis que surge uma dialética dramática entre paixão e razão. Se a razão reprimir a paixão, triunfa a rigidez, a tirania da ordem e a ética utilitária. Se a paixão dispensar a razão, vigora o delírio das pulsões e a ética hedonista, do puro prazer. Mas, se vigorar a justa medida e a paixão se servir da razão para um auto-desenvolvimento regrado, então emergem as duas forças que sustentam uma ética humanitária: a ternura e o vigor.
A ternura é o cuidado com o outro, o gesto amoroso que protege. O vigor é a contenção sem a dominação, a direção sem a intolerância. Ternura e vigor, ou também «animus” e «anima”, constroem uma personalidade integrada, capaz de manter unidas as contradições e se enriquecer com elas.

Aqui se funda uma ética, capaz de incluir a todos na família humana. Essa ética se estrutura ao redor dos valores fundamentais ligados à vida, ao seu cuidado, ao trabalho, às relações cooperativas e à cultura da não-violência e da paz..

Leonardo Boff 64, teólogo e escritor, é professor emérito de ética da Uerj (Universidade da Estado do Rio de Janeiro) e autor, entre outras obras, de “Ethos Mundial - um consenso mínimo entre os humanos” (ed. Sextante).
Publicado na “Folha de São Paulo” de 15/06/2003.

By: Valdo